
São Paulo pode romper contrato com as empresas que foram alvo de operação policial
11 de junho de 2022SÃO PAULO – A crise no transporte municipal de São Paulo segue se agravando, após a Polícia Civil ter realizado investigações em duas empresas de ônibus, a Transunião Transportes e a UpBus Qualidade em Transportes que atuam na zona leste da capital.




Agentes da Polícia Civil de São Paulo, afirmam que a corporação segue avaliando solicitar mais uma vez a prisão do vereador Senival Moura – PT. O parlamentar é investigado em uma operação que apura a participação do PCC em empresas de ônibus que têm contrato com a prefeitura de São Paulo.
A investigação suspeita que Moura estaria envolvido na morte de um ex-diretor da Transunião, Adalto Soares Jorge. Em março de 2020, Adalto estava no estacionamento de uma padaria na zona leste da capital quando foi surpreendido por um homem armado. Imagens de circuito mostram o momento do assassinato. A investigação aponta ainda que Adalto era testa de ferro do vereador na direção da empresa, que seria utilizada para lavagem de dinheiro de membros da facção criminosa.
Dois homens foram presos e levados à Especializada, onde passaram pelos trâmites policiais e foram encaminhados ao cárcere à disposição da justiça.




Na última quinta-feira (9), os policiais prenderam o principal suspeito do assassinato e suposto autor dos disparos, Jair Ramos de Freitas, conhecido como Cachorrão. Devanil Souza Nascimento, conhecido como Sapo, também foi preso. Ele era motorista do vereador e é suspeito de ter levado Adalto até a padaria.
O DEIC indica que integrantes do PCC são donos de 30% a 40% da frota da companhia. 13 ônibus foram apreendidos. Além da Transunião, outra empresa de ônibus, a UP Bus também é alvo da polícia. A companhia é investigada pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico. O DENARC disse ter provas que, pelo menos, cinco chefes da empresa fazem parte de facções criminosas e apurou que de 2015 a 2021 o número de sócios passou de três para 60 e o capital da Up Bus de R$ 1 milhão para R$ 20 milhões.




De acordo com o delegado Fábio Lopes, que é diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC, foi o parlamentar quem colocou Adalto como diretor da Transunião. “O Adalto era, então, presidente da cooperativa. No mês de fevereiro ele foi afastado e no mês de março foi morto. Nós começamos a investigar a partir daí. Nós chegamos à conclusão que ele tinha sido morto por meio do crime organizado. Parece que houve um desvio de um valor muito grande do dinheiro que teria que ser repassado para os cooperados, no caso, agora, os acionistas. E uma parte grande desse dinheiro teria que ser repassado para os membros dessa organização criminosa. E parece que teve um desvio”, comenta o delegado.
Por conta da repercussão do assunto na imprensa, o vereador Senival Moura – PT não apareceu para trabalhar na Câmara Municipal de São Paulo nesta última sexta-feira (10), um dia após operação realizada pela Polícia Civil para investigar sua ligação com o crime organizado, o Primeiro Comando da Capital – PCC.
Atualmente, as empresas de ônibus TransUnião e UP Bus, transportam mais de nove milhões de passageiros por mês na cidade de São Paulo, como informou a Jovem Pan. A Transunião opera dois lotes, um com 40 linhas, que vai de São Miguel Paulista ao Itaim Paulista e outro com dez, que vai da Vila Prudente a São Mateus. Já a UP Bus é responsável por 13 linhas, que vão do Tatuapé a São Miguel Paulista.



Vereador nega acusação
Em nota, Senival Moura disse que foi surpreendido pela ação da polícia e que não tem envolvimento com as ações, além de estar à exposição da justiça.
Nota do vereador
Eu, Vereador Senival Moura venho me manifestar através desta nota pública sobre os acontecimentos noticiados em todos os meios de comunicação hoje.
Antes de comentar sobre os fatos ocorridos no dia de hoje quero reafirmar a minha história de atuação, liderança e organização do transporte alternativo na Cidade de São Paulo a qual tenho muito orgulho disso.
Sobre o Adauto Jorge Soares sinto até hoje essa perda, principalmente, pela forma cruel e violenta que foi.
Adauto junto comigo e vários outros companheiros lutamos pela regulamentação do transporte coletivo na Cidade de São Paulo. Entre o início da operação clandestina e a transformação em empresas passaram-se 30 anos.
Portanto, Adauto era um companheiro de luta, trabalhador e meu amigo.
Vale ressaltar que no momento da morte do Adauto, nem eu e nem ele tínhamos mais qualquer vínculo com a empresa Transunião S/A.
Essa manhã fui surpreendido por uma operação policial em minha casa, mas quero aqui reafirmar que eu não tenho nenhum envolvimento com as ações que estão sendo noticiadas. Entretanto eu estou a disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos , eu que sou formado em direito confio plenamente na




Câmara Municipal de São Paulo recebe pedido para abertura da CPI dos ônibus
Vale lembrar que mais três empresas de ônibus também seguem sendo investigadas por possível participação no mesmo esquema no qual estaria envolvida a empresa TransUnião Transportes.
O pedido para a abertura da CPI dos ônibus na Câmara Municipal de São Paulo foi protocolado pelo vereador Mario Palumbo Junior, também conhecido como delegado Palumbo – MDB, após a Polícia iniciar duas operações que investigam membros de duas empresas de ônibus que atuam linhas municipais em São Paulo.
Depois da operação policial, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes – MDB, afirmou que pode quebrar os contratos com as empresas, caso as irregularidades sejam comprovadas. “Essa etapa é de investigação, portanto, apesar de parecerem robustas as próprias, ainda está em investigação, estando em investigação, a prefeitura não tem o que fazer, porque não tem a confirmação. Havendo a comprovação de que houve a utilização da concessão, portanto, o contrato firmado da prefeitura e empresa, e que esse contrato foi usado para fazer a lavage, de forma muito rápida, nós vamos fazer a rescisão contratual”, disse Nunes.

Com informações da Prefeitura de São Paulo e Polícia Civil de São Paulo

