São José dos Campos reincide contratos com o Grupo Itapemirim

São José dos Campos reincide contratos com o Grupo Itapemirim

21 de janeiro de 2022 Off Por Redação Revista do Ônibus

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – Assim como na cidade de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, a Viação Itapemirim não conseguiu iniciar a sua operação urbana, depois de não conseguir apresentar mais uma vez, a sua frota de novos ônibus urbanos. Nesta sexta-feira (21), a Prefeitura de São José dos Campos, acabou não aceitando a documentação apresentada que identifica a possível compra de 500 novos ônibus elétricos da china, e com isso decidiu reincidir os dois contratos.

São José dos Campos reincide contratos com o Grupo Itapemirim - revistadoonibus

A novela do transporte urbano e coletivo vinha desgastando o governo municipal, depois que o Grupo Itapemirim deixou de operar o seu braço aéreo no dia 17 de dezembro, quando a Ita Transportes Aéreos, deixou milhares de passageiros sem poder voltar com o cancelamento repentino dos voo e depois que a Itapemirim não conseguiu comprovar que já teria comprado os ônibus necessários para a operação, como determinada o contrato.

A Prefeitura de São José dos Campos, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana e Secretaria de Apoio Jurídico, informa que, após análise técnica e jurídica dos documentos encaminhados pelo Grupo Itapemirim, notificou as empresas na manhã desta sexta-feira (21) com relação ao indeferimento de sua defesa prévia e consequente decisão pela rescisão contratual.

A documentação apresentada não comprova a aquisição de frota para a operação dos serviços de transporte, mas trata-se de contrato firmado com intermediador que se compromete a assinar, no futuro, contrato de aquisição de frota para o grupo.

Também foi apresentado documento em idioma estrangeiro e sem tradução juramentada, o que não é válido em caso de comprovação de contratos públicos.

A frota indicada pelas concessionárias para futura aquisição é de apenas um modelo de veículo e em desacordo com o edital de concessão. O layout e as especificações técnicas dos veículos a serem adquiridos também não foram apresentadas para análise.

Ciente da decisão por parte da Prefeitura de rescisão unilateral por descumprimento de contrato, as concessionárias possuem prazo legal de cinco dias úteis para interpor recurso, assegurando o contraditório e ampla defesa, conforme legislação vigente.


Viação Itapemirim urbana surge com imagens na internet - revistadoonibus
Foto montagem de como seria a identidade visual em ônibus urbanos da Itapemirim

Dentre os motivos que levaram à decisão da rescisão contratual, ressaltamos que:

1) A matéria já se encontra suficientemente instruída, uma vez que, evidenciado o descumprimento de obrigação contratual, foram oportunamente observados os necessários requisitos que decorrem da ampla defesa e do contraditório;

2) Outrossim, em análise realizada pelo corpo técnico, constata-se que o acolhimento dos termos do que consta nas defesas prévias apresentadas pelas concessionárias implicaria em violação ao princípio da vinculação ao edital, bem como à igualdade entre os interessados em participar do certame, em razão da profunda modificação do objeto contratual, não somente em razão da questão relativa à propulsão a diesel ou elétrica do motor, mas também, na ausência absoluta de apresentação de distinção dos 05 (cinco) diferentes modelos dos veículos cuja obrigação lhes competia (vans, micro-ônibus, midi-ônibus, ônibus padron e ônibus articulado).

3) Acresça-se ademais situação econômico-financeira em que se encontra o grupo econômico a que pertencem as concessionárias, ainda que sob recuperação judicial em formal cumprimento, mas que tem sido acometido por crise como progressiva e notoriamente amplamente veiculado em relação às suas atividades em outros setores econômicos, o que é denotado no presente procedimento pela (a) ausência do cumprimento oportuno dos Planos de Negócios apresentados por cada uma das concessionárias, que previam a aquisição de frotas por meio de programa específico do governo federal que utiliza recursos do FGTS e se sujeita à coordenação do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) e do Banco Mercedes, o PROTRANSPORTES-REFROTA; (b) como aquela pretensão não se mostrou frutífera, as concessionárias pleitearam a substituição desse cumprimento pela pretensão de prorrogação de prazo até 31 de janeiro de 2022, sob o argumento de que estaria havendo negociação com a empresa ENEL, para locação de veículos elétricos; (c) porém, como se observa do teor das defesas prévias apresentadas, essa pretensão também não se efetivaria, mais uma vez! Ao invés de qualquer aprofundamento das “sérias” negociações em curso, as concessionárias apresentam, nesta oportunidade, meros Acordos de Cooperação entre Shandong Yixing Eletric Vehicle Co. Ltd, Evei Automotive Industries Co., ambas empresas da China, e Poseidon Trading Co., Limited, de Hong Kong, e os assim denominados Contratos de Fornecimento de Veículos Elétricos, que cada uma das concessionárias celebra com Starbus Veículos Elétricos, mas que, não obstante sua denominação corresponde tão somente a mera intermediação entre a fabricante e cada uma das concessionárias.

4) Tais fatos apenas sugerem que a situação econômico-financeira em que se encontra o grupo econômico tem se mostrado fator impeditivo do prosseguimento das negociações pretendidas pelas concessionárias o que se mostraria ser a razão do descumprimento do prazo contratual inaugural, que deu ensejo à abertura do procedimento de rescisão dos contratos.

5) Sob a perspectiva deste município, ao qual compete a prestação do serviço público licitado, cujos contratos atualmente em vigor e execução, cujo termo final já foi vencido e ora se encontram sob prorrogação, há um cronograma a ser cumprido, sob pena de novas prorrogações e eventual precarização do serviço prestado à coletividade. Assim sendo, a matéria deve ser analisada também sob o prisma do princípio da precaução, que deve orientar as tomadas de decisão do gestor público, a fim de mitigar a possibilidade da ocorrência de danos aos interesses da coletividade: os fatos sucessivos narrados no item anterior são indicativos de que o funding para a efetiva execução das obrigações contratuais, que correspondem à aquisição de frota, é o real problema de que padeceria o grupo, não obstante, sob o aspecto exclusivamente formal, as condições de habilitação tenham sido oportunamente comprovadas.

Diante dos fatos expostos, tal situação que coloca sob risco a efetiva execução dos novos contratos de concessão e a prestação dos serviços recomenda que a Administração adote as devidas providências a fim de ultimar o procedimento de rescisão dos contratos e viabilizar com prontidão a nova abertura de procedimento licitatório, após as alterações eventualmente necessárias.


Viação Itapemirim emite nota

Sobre a rescisão dos contratos anunciada nesta sexta-feira,21 de janeiro, pela Prefeitura de São José dos Campos, o Grupo Itapemirim respeita, mas discorda da decisão, lembrando que a Prefeitura, concedeu prazo de cinco dias úteis para nova manifestação da Itapemirim.



São José dos Campos: Itapemirim afirma ter comprado 500 ônibus elétricos da China - revistadoonibus
Foto Montagem de um ônibus urbano que seria da Itapemirim – Reprodução de internet

Grupo Itapemirim, informou na noite desta última quarta-feira (19), que a Itapemirim Transporte Urbano Ltda e ITA – Transporte Urbano Ltda, apresentou cópia do contrato de uma possível aquisição de 500 ônibus elétricos urbanos, junto a Prefeitura de São José dos Campos, como informou o Diário do Transporte.

Depois de afirmar que sofria um ataque midiático, após a suspensão das atividades do seu braço aéreo, conhecida como Ita Transportes Aéreos, que deixou milhares de passageiros sem vôo no dia 17 de dezembro de 2021, o Grupo Itapemirim acabou ficando sem condições de aquirir ônibus juntos ao fabricantes de ônibus urbanos brasileiros, optando com isso, fazer o investimento de R$ 1 bilhão, com a possível compra dos 500 novos ônibus urbanos elétricos chineses.

O governo municipal confirmou que recebeu uma documentação por e-mail com texto em chinês e um contrato de duas páginas com uma representante do fabricante que tem escritório no Rio de Janeiro — Starbus Veículos Elétricos, nome fantasia da Consultores PV Ltda, como vem divulgando a imprensa.

Prefeitura de São José dos Campos, informou que os principais fabricantes de ônibus, teriam afirmado que se a Itapemirim tivesse condições financeiras para comprar os novos ônibus estariam sendo entregues antes no início da operação municipal, como mostra a entrevista do secretário de mobilidade, mais abaixo.


SP: São José dos Campos indefere pedidos da Itapemirim e inicia rescisão de contrato - revistadoonibus
Foto: Prefeitura de São José dos Campos – Divulgação

O governo municipal, informa que a renovação da frota para 100% de ônibus elétrico, não consta no contrato, que mostra que se faz necessário ter ônibus movidos a diesel e que os ônibus elétricos, inclusive já foram adquiridos pela prefeitura. Indicando ainda que o Grupo Itapemirim teria que ter comprado diferente modelos de ônibus, entre eles, articulados, básico convencional, micro-ônibus, midi que também são conhecidos como micrão e ônibus do modelo padron.

A Prefeitura de São José dos Campos alerta ainda que a crise que o Grupo Itapemirim vem enfrentando em meio a recuperação judicial, não há certeza de que o grupo pudesse cumprir os contratos inclusive de financiamentos dos ônibus que deveriam ser adquiridos.



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Contratos

A Prefeitura havia assinado contrato com a empresa Itapemirim Transporte Urbano Ltda para a concessão do lote 1 – regiões norte, oeste e sul– no último dia 31 de agosto de 2021. A concessionária também ficaria responsável pela operação dos VLPs (Veículos Leve sobre Pneus) 100% elétricos da Linha Verde.

Já para a operação do lote 2, que iria atender as regiões leste e sudeste, o contrato foi assinado no dia 14 de dezembro com a empresa ITA Transporte Urbano Ltda. A operação dos lotes 1 e 2 iria ocorrer de forma simultânea a partir do mês de maio.

Atualmente, o sistema de transporte público é operado por três concessionárias que possuem contratos até outubro de 2022 ou até o início do novo sistema.

Com informações do Diário do Transportes e  Prefeitura de São José dos Campos

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