Rio: Fetranspor teria liberado R$ 6 milhões na campanha de Paes em 2008, segundo Sérgio Cabral

Rio: Fetranspor teria liberado R$ 6 milhões na campanha de Paes em 2008, segundo Sérgio Cabral

5 de abril de 2019 Off Por Redação Revista do Ônibus

De acordo com o depoimento prestado na tarde de hoje pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) ao juiz Marcelo Bretas –responsável pelas ações em primeira instância da Operação Lava Jato no estado– outros ex-governadores do estado, como Luiz Fernando Pezão (MDB) e Anthony Garotinho (PRP), receberam dinheiro da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes do estado) para manter o esquema criminoso em seus mandatos. A “caixinha da Fetranspor” seguiu acontecendo no governo de Anthony Garotinho. 

O ex-prefeito da capital fluminense Eduardo Paes (DEM), assim como o atual prefeito da capital fluminense, Marcelo Crivella (PRB), também teriam sido beneficiados por negociatas feitas por ele.

Cabral diz que Eduardo Paes não foi beneficiado só com a compra de apoio na eleição de 2008. O ex-governador contou que a Fetranspor deu dinheiro para a campanha do então candidato a prefeito. A negociação foi com o empresário considerado chefe do esquema de corrupção.

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“Eu pedi ao Zé Carlos Lavouras que (isso em 2008) coordenasse a distribuição – eu já tinha o poder como governador – que ele coordenasse naqueles municípios, principalmente na região metropolitana, que me interessavam, a ajuda financeira aos candidatos a prefeito, principalmente aqui na capital. Então a Fetranspor destinou para o candidato Eduardo Paes R$ 6 milhões na campanha de 2008”.

Cabral diz que também veio da Fetranspor a ajuda para a campanha de Aécio Neves à Presidência em 2014.

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“Chamei o Lavouras e mandei ele procurar o Osvaldo, que cuidava do dinheiro dele (Aécio). Aécio não participou dessa reunião, foi entre mim e o Lavouras. Depois ele me ligou para agradecer, eu mandei dar R$ 1,5 milhão para ele desse dinheiro; mandei também dar R$ 1,5 milhão da OAS para ele; e também R$ 1,5 milhão para o Jorge Picciani”.

Sérgio Cabral revelou que usou dinheiro público para atender a interesses dos empresários e para manter o esquema em segredo. Ele disse que a obra do metrô ficou mais cara porque a Odebrecht dizia ter prejuízo no Maracanã o o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, também queria uma parte.

Condenado a quase 200 anos de prisão, hoje Cabral prega o combate à corrupção e não só no Rio.

O que dizem os citados

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que a acusação de Sérgio Cabral é mais uma grande mentira plantada para desestruturar a gestão dele; que nunca venderia o interesse do povo para ganhar vantagens pessoais; e afirmou que jamais conseguirão manchar a honra dele.

O advogado de Aécio Neves disse que ele desconhece qualquer pedido de apoio feito por Sérgio Cabral para a campanha presidencial em 2014, e que a Justiça Eleitoral aprovou todas as doações.

A defesa de Eike Batista declarou que ele não é parte no processo e que Eike sempre desenvolveu atividades empresariais dentro da legalidade.

Jorge Picciani disse que nunca se envolveu com ilegalidade na vida pública e que Cabral falta com a verdade e faz acusações sem prova.

A defesa de Rosinha e Anthony Garotinho disse não haver uma única verdade no depoimento de Cabral; que as acusações são fantasiosas; e que Garotinho nunca foi dono de empresa de comunicação.

A Band declarou que, ao longo dos anos 90, a TV Sul Fluminense de Barra Mansa tinha um regime de representação comercial e que o Grupo Bandeirantes só comprou todas as ações da emissora em julho de 2007 diretamente da família Nader. Segundo a Band, as alterações contratuais são públicas e estão registradas na Junta Comercial.

A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio afirmou que a sua nova gestão prioriza os controles internos e o respeito às normas e que vem cumprindo as determinações judiciais e colaborando com as investigações.

A Fundação Getúlio Vargas afirmou que não teve acesso ao depoimento e que vai adotar as providências cabíveis quando for notificada. A FGV declarou ainda que sua atuação sempre foi pautada pelo respeito à ética, à legalidade e ao interesse público.

O Ministério Público do Estado do Rio declarou que não tem qualquer conhecimento dos fatos relatados e que o procurador de Justiça Carlos Antônio Navega faleceu em 2017.

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